O reexame do “esforço”

28 de maio de 2020

“Diante de um gênio do esforço foi reexaminada a questão: “O esforço é necessário ao homem?”. O sr. X externou sua opinião, o esforço não é necessário, onde não há esse tipo de tensão chamada esforço é que existe o verdadeiro fluir da Vida. O sr. Y, referindo-se a este comentário disse: “Ele vive dizendo que não é necessário esforçar-se, mas não há ninguém que se esforce mais do que ele”. Então o sr. X respondeu: “As pessoas dizem que sou sou gênio, mas eu não tenho esse dom excepcional. Como percebi que não sou um gênio e que portanto precisava me esforçar, vim somando esforços”.
Expliquei valendo-me da seguinte frase: “Se traçarem uma faixa de 10 centímetros de largura sobre o asfalto da avenida e me mandarem correr sobre ela de bicicleta, sem me desviar, serei capaz de fazê-lo sem nenhuma dificuldade. Mas se colocarem uma tábua de 10 centímetros de largura sobre um rio bastante largo, e me mandarem passar sobre ela de bicicleta, é quase certeza que fracassarei e cairei no rio”. Por que será que, sendo a mesma largura de 10 centímetros, quando se trata de uma faixa sobre a avenida, a pessoa não tem dificuldade para manter-se dentro dela, e tratando-se de uma tábua colocada sobre o rio, fracassa? O “esforço” é uma palavra muito bonita, mas dá a impressão de luta contra a dificuldade. Se chamarmos de “esforço” ao fato de agir para vencer a “dificuldade”, reconhecendo-a como dificuldade, isso será como atravessar a ponte de 10 centímetros de largura colocada sobre o rio. A pessoa cai da tábua porque reconhece primeiramente que “isso é difícil”. Porém quando a pessoa faz o mesmo trabalho com desembaraço, sem considerá-lo difícil, não se aplica a palavra “esforço” com o sentido de “trabalhar para vencer a dificuldade”. Será como andar normalmente, sem embaraço, sobre a faixa traçada a giz sobre a avenida. Aos outros pode parecer que está se esforçando porque está em atividade, mas a própria pessoa não está sob tensão para dizer que seja esforço. Simplesmente está trabalhando sem impedir o fluxo natural da Vida. Quando a pessoa age obedecendo ao fluxo natural da Vida, a sua Vida tem maior facilidade para se desenvolver. Nós precisamos efetuar o trabalho com naturalidade, sem considerá-lo como uma “tábua estreita sobre o rio”, mas sim como uma faixa traçada sobre a a venida, acreditando que não há perigo de cair. Não fracassamos porque acreditamos que o solo está nos sustentando. Esse solo que nos sustenta é Deus. A pessoa quando se dedica tranquilamente ao trabalho acreditando que não haverá fracasso porque a onipotência de Deus a guia e a sustenta, o trabalho dessa pessoa terá evolução maior do que quando se esforça reconhecendo a dificuldade como suposto inimigo.
A capacidade humana pode ser exteriorizada infinitamente desde que procuremos revelá-la. 

…”

Referência bibliográfica
A Verdade da Vida, volume 5, pág 103, Masaharu Taniguchi

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