Oração para o Renascimento
“Agora estou vivendo um novo dia! Tudo que pertence ao passado, que é mau, que é indesejável, que é feio, que é sombrio, que é pessimista, já se foi. Todo o passado já desapareceu, e estou renascendo agora, recebendo de
“O terceiro item do livro Mumonkan (zen-budismo) diz o seguinte: “O bonzo Gutei levanta o dedo”. O bonzo Gutei, superior do templo Kinkazan, apenas mostrava um dedo em posição ereta, quaisquer que fossem as perguntas a ele dirigidas pelos visitantes que vinham à procura da Verdade. Vendo o seu dedo, alguns despertavam para a Verdade, enquanto outros iam embora sem nada entender. Aquele que vê apenas a forma exterior do dedo e não vê a Vida-essência não consegue despertar para a Verdade. Certo dia, um jovem monge desse templo, ao ser indagado por um visitante acerca dos ensinamentos, levantou o dedo, imitando o seu mestre. Mas o jovem monge imitou apenas o gesto do mestre Gutei, sem conhecer a razão por que ele levantava o dedo, isto é, sem compreender a Vida-essência do homem.
Quando o mestre soube disso, cortou o dedo indicador do jovem monge. Este tentou fugir, gritando de dor. Ato contínuo, o mestre chamou-lhe pelo nome. Este olhou para trás a fim de ouvir o que o mestre teria a dizer, mas o mestre, como de costume, levantou o dedo. Naquele instante, o jovem monge compreendeu uma grande Verdade. O que o jovem monge compreendeu? Quem souber o que ele compreendeu, também terá despertado para a Verdade.
O jovem monge, enquanto tinha o dedo para levantar, estava apegado à forma do dedo e não conseguia ver a Vida-essência. Todavia, agora que lhe fora cortado o dedo, não possuía mais o dedo a ser levantado. Apesar disso, o mestre bonzo ordenava-lhe que levantasse o dedo, assim como ele fazia. Como levantar o dedo que não existe mais? Na sua resposta está a essência do Zen. O dedo a ser levantado não era o dedo físico. Um dedo que pode ser levantado apenas formalmente não poderá ser levantado quando ele não existir mais. O verdadeiro “dedo” é aquele que pode ser levantado, mesmo depois que se perdeu o dedo, mesmo depois que se perdeu tudo. O que o mestre quis mostrar era o “dedo da Vida”, absolutamente livre e que não sofre restrição alguma, mesmo quando se perde tudo. Aquele que se queixa das privações, dizendo que falta isso ou aquilo, é uma pessoa que não conhece a Imagem Verdadeira da Vida. A Imagem Verdadeira da nossa Vida é aquela que não sofre de privação alguma, mesmo quando não possuímos nada.
Aquele que fica se apoiando sempre na matéria e curvando-se diante dela tem dificuldade em conscientizar -se de que, sendo ele filho de Deus, é um ser espiritual jamais é dominado pela matéria.
Graças a essa lição, o jovem monge pôde despertar para a Imagem Verdadeira de sua Vida e alcançou a verdadeira salvação. Mas a questão não se restringe a apenas um dedo: o homem precisa compreender que ele é um ser indestrutível, ainda que lhe cortem o corpo todo. Do contrário, não será salvo verdadeiramente. Se naquele momento o bonzo tivesse dito que o homem é uma existência material e que sem o dedo físico nada pode se fazer nada, o jovem monge teria sentido dor na sua mão sangrenta e não teria despertado para a Verdade, nem teria alcançado a iluminação.
Também o médico, ao se dirigir a um paciente, deve tomar as mesmas atitude de bonzo, se tiver a infeliz idéia de dizer: “Se você dispensar os remédios materiais não será curado, por que o homem é feito de matéria”, poderá matar o paciente, não apenas fisicamente, mas também espiritualmente.
…”
Referência bibliográfica
A Verdade da Vida, volume 4, pág 37, Masaharu Taniguchi
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