Atribuir culpa ao outro é fazer de si um fantoche

18 de maio de 2020

“…eu estava sempre produzindo aquelas ondas mentais negativas, e por isso tinha habitualmente o corpo em mau estado e a mente insatisfeita. Rememorando agora, penso que eram poucas as pessoas tão rabugentas quanto eu. Se tinha uma indisposição digestiva, reclamava dizendo: “Foi aquela comida imprestável que  você me fez comer no almoço”, ou então, “A comida estava mal cozida”. Se por exemplo, caía o tinteiro e derramava tinta, não pensava que havia sido descuido meu, assim dizia: “O tinteiro caiu porque você deixou neste lugar inconveniente”, ou então: “Você não me atendeu quando chamei, por isso ao levantar o braço a manga se enroscou no tinteiro e ele caiu da mesa”. Chegava a pensar que o mal não era meu, mas dos meus pais que haviam posto no mundo com aquele temperamento, eu era realmente intratável. 
Qualquer que fosse o acontecimento, culpava os outros, responsabilizando-os inteiramente, eu procurava me eximir de toda e qualquer responsabilidade. Tal atitude mental covarde e comodista, pode dar-nos uma impressão de ser uma atitude vantajosa, pois tudo que não convém fica para os outros e para nós reservamos só o que é bom. Porém na verdade é um comportamento errado. A vida da própria pessoa é revigorada quando vivifica o próximo, do mesmo modo, a mente que procura incriminar o próximo leva a si próprio a incriminação. Aquele que fere o próximo com a mente será ele também ferido pelos outros, isso é “lei da mente”.
Se não conseguia dormir, culpava alguém por isso, se sofresse qualquer indisposição, responsabilizava o próximo, se era infeliz a culpa era do outro, esse modo de interpretar é o mesmo que considerar a si próprio um fantoche, que não possui autonomia e que é inteiramente governado por agentes externos. O boneco do espetáculo de marionetes não possui independência. Se o virarem para a direita, vira-se à direita, ou para a esquerda, se o virarem para esta direção. Por isso é justificável a desculpa que mesmo tendo eu derrubado o tinteiro, a culpa não era minha. 
Eu estava sempre lamuriando: “Sou assim prejudicado porque os outros são maus”. Odiava os outros e, no entanto, queria que eles tivessem compaixão de mim. Durante esse tempo vivia nervoso, não dormia, o aparelho digestivo não funcionava a contento, fui vítima de catástrofe sísmica, minha casa foi furtada duas vezes.
Após me convencer da Verdade e que o homem não é um fantoche comandado pelo exterior, que o homem é filho de Deus e que seu corpo, seu destino e sua situação podem ser transformados livremente pela própria vontade, as minhas lamentações foram se escasseando. Dessa forma, após despertar para a minha própria natureza divina e a diminuição das lamentações, meu corpo adquiriu melhor saúde. 
Aquele que prepara a armadilha para o próximo acabará ele próprio caindo nela. Há um ditado japonês que diz: “Quem amaldiçoa o próximo cava duas covas” (uma para o próximo e outra para si próprio). O ato de “amaldiçoar” é praticado por meio de más palavras.

…”

Referência bibliográfica
A Verdade da Vida, volume 3, pág 185, Masaharu Taniguchi

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